Professores: Trabalhar para Viver ou Viver para Trabalhar?

          Tenho certeza que algumas pessoas vão achar esse título meio exagerado, mas vou explicar isso ao longo da matéria. Primeiramente devo explicar que me dou ao direito de escrever sobre isso, pois sou professora, e segundo isso me veio à cabeça no momento em que li uma matéria que diz que os professores no Brasil estão entre os mais mal pagos em ranking internacional, por coincidência essa matéria foi compartilhada no facebook por um professor meu da universidade. Neste link vocês podem conferir a matéria completa, ela está no BBC:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150430_educacao_eficiencia_pu

          Segundo a matéria: "O Brasil é o lanterninha em um ranking internacional que compara a eficiência dos sistemas educacionais de vários países, levando em conta parâmetros como os salários dos professores, as condições de trabalho na escola e o desempenho escolar dos alunos."

           Percebam que não é avaliado apenas o salário do profissional, mas as condições de trabalho e o desempenho dos alunos, o que torna isso bem mais assustador, pois a qualidade também é baixa!  "(...)a consultoria coloca o sistema educacional brasileiro como o mais ineficiente da lista." Essa matéria é do ano passado, foi escrita no momento da greve dos professores paranaenses, e imaginem que esse ranking é de 2014, agora em 2016 como estaremos, creio eu que a situação piorou!

          Não posso falar pelos professores de outros estados, mas posso falar pelos do Rio Grande do Sul, sou uma professora iniciante, comecei ano passado, e já vi situações bem complicadas, primeiramente a dificuldade de recebermos nosso pagamento, comecei a receber meu salário 3 meses após o início das minhas aulas, segundo como não iniciei no começo do ano letivo e sim depois, meu primeiro pagamento foi parcelado (vocês devem estar por dentro do parcelamento salarial dos servidores do RS) e por último, ao final do ano, em que os diretores já haviam se reunido e definido o quadro de professores... a bomba! O professor nomeado não mais trabalharia 14h da 20h semanais em sala de aula, mas sim 16, todo o quadro de professores teve que ser revisto, eu, como contratada, teria 38h acabei com 28h pois os outros períodos foram passados para os professores nomeado que tinham que fechar carga horária, nem posso reclamar, uma colega perdeu o contrato, isso porque nossa escola é de interior, em outras escolas da cidade que resido diversos professores perderam contrato, os que não perderam, tiveram, como eu, a carga horária reduzida e os nomeados (aqui do interior do RS) trabalhando em 3 ou mais escolas para fechar a carga horária! E aí fica a dúvida: isso vai dar certo? Se antes o ensino já tinha uma qualidade baixa, com mais tempo em sala de aula e menos para planejamento como isso pode melhorar o ensino?!

        Voltando ao título da postagem, agora tenho apenas 28h como disse, terei de arranjar mais uma escola pra lecionar pelo menos, pois com isso o salário não seria suficiente para as contas, ano passado trabalhava 40h em duas cidades diferentes (nenhuma é a que eu resido) na estadual 20h lecionava Língua Portuguesa e na outra, municipal eu lecionava Língua Inglesa em 3 escolas diferentes para fechar a carga horária de 20h! Eu vivia para trabalhar, indo de cidade em cidade, afinal trabalhava em duas e vivia em uma terceira, não eram todas próximas, uma era no mínimo uma hora e meia de carro, eu ia de ônibus. Mas voltando ao trabalho em si, um professor com 40h dificilmente tem menos de 10 turmas, e,  me diga: as horas atividades, agora no RS tem em torno de 8h, são suficientes para preparar pelo menos 32h aula? De forma alguma, além de preparar aulas temos que elaborar provas e trabalhos, revisões, fazer correções pensar em projetos que são largados em nossas mãos de última hora, preencher cadernos de chamada, sem falar em pareceres... Isso acarreta em noites mal dormidas, poucas horas de sono e muito finais de semana e feriados trabalhando... "Vamos sair?" "Esse final de semana não posso tenho que elaborar as avaliações" "Semana que vem também não dá, tenho que corrigir e passar as notas"...

          É triste, mas não trabalhamos para viver, Vivemos para Trabalhar para SOBREviver.


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